terça-feira, 30 de abril de 2013

Pedro, Paulo e Francisco

Por Augustus Nicodemos Lopes

A renúncia do papa Bento XVI e a eleição do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio para substituí-lo trazem à tona, mais uma vez, a questão da reivindicação da Igreja Católica de que o papa é o legítimo sucessor do apóstolo Pedro como cabeça da Igreja de Jesus Cristo aqui na terra. Francisco se senta no trono de Pedro. Então, tá.

Obviamente, a primeira questão a ser determinada é se o apóstolo Pedro, de alguma forma, teve algum trono, se ele foi uma espécie de papa da nascente igreja cristã no século I e se ele deixou sucessor, que por sua vez, nomeou seu próprio sucessor e assim por diante, até chegar, de Pedro, a Francisco. Eu digo “primeira questão” não somente por causa da sequência lógica da discussão, mas por causa da sua importância. Tanto católicos quanto protestantes tomam as Escrituras Sagradas como a Palavra de Deus. Portanto, é imprescindível que um conceito de tamanha importância como este tenha um mínimo de fundamento bíblico. Mas, será que tem?

É verdade que Cefas, também chamado de Simão Pedro, foi destacado pelo Senhor Jesus em várias ocasiões de entre os demais discípulos. Ele esteve entre os primeiros a serem chamados (Mt 4:18) e seu nome sempre aparece primeiro em todas as listas dos Doze (Mt 10:2; Mc 3:16). Jesus o inclui entre os seus discípulos mais chegados (Mt 17:1), embora o “discípulo amado” fosse João (Jo 19:26). Pedro sempre está à frente dos colegas em várias ocasiões: é o primeiro a tentar andar sobre as águas indo ao encontro de Jesus (Mt 14:28), é o primeiro a responder à pergunta de Jesus “quem vocês acham que eu sou” (Mt 16:16), mas também foi o primeiro a repreender Jesus afoitamente após o anúncio da cruz (Mt 16:22) e o primeiro a negá-lo (Mt 26:69-75). Foi a Pedro que Jesus disse, “apascenta minhas ovelhas” (Jo 21:17). Foi a ele que o Senhor disse, “quando te converteres, fortalece teus irmãos” (Lc 22:32). E foi a ele que Jesus dirigiu as famosas palavras, “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus” (Mt 16:18-19).

Apesar de tudo isto, não se percebe da parte do próprio Pedro, dos seus colegas apóstolos e das igrejas da época de Pedro, que ele havia sido nomeado por Jesus como o cabeça da Igreja aqui neste mundo, para exercer a primazia sobre seus colegas e sobre os cristãos, e para ser o canal pelo qual Deus falaria, de maneira infalível, ao seu povo. Ele foi visto e acolhido como um líder da Igreja cristã juntamente com os demais apóstolos, mas jamais como o supremo cabeça da Igreja, sobressaindo-se dos demais.

Para começar, o apóstolo Paulo se sentiu perfeitamente à vontade para confrontá-lo e repreendê-lo publicamente quando Pedro foi dissimulado em certa ocasião para com os crentes gentios em Antioquia (Gl 2:11-14). O apóstolo Tiago, por sua vez, foi o líder maior do Concílio de Jerusalém que definiu a importante questão da participação dos gentios na Igreja, concílio este onde Pedro estava presente (Atos 15:1-21). E quando uma decisão foi tomada, ela foi enviada em nome dos “apóstolos e presbíteros” e não de Pedro (Atos 15:22). Os judeus convertidos, líderes da Igreja de Jerusalém, e que achavam que a circuncisão era necessária para os gentios que cressem em Jesus, não hesitaram em questionar Pedro e confrontá-lo abertamente quando ele chegou a Jerusalém, após ouvirem que ele tinha estado na casa de Cornélio, um gentio. E Pedro, humildemente, se explicou diante deles (Atos 11:1-3). Os crentes da igreja de Corinto não entenderam que Pedro estava numa categoria à parte, pois se sentiram a vontade para formarem grupos em torno dos nomes de Paulo, Apolo e do próprio Pedro, não reconhecendo Pedro como estando acima dos outros (1Cor 1:12).

O apóstolo Mateus, autor do Evangelho que carrega seu nome, não entendeu que a promessa de Jesus feita a Pedro, de que este receberia as chaves do Reino dos céus e o poder de ligar e desligar (Mt 16:18-19), era uma delegação exclusiva ao apóstolo, pois no capítulo seguinte registra as seguintes palavras de Jesus, desta feita a toda igreja:
Se teu irmão pecar contra ti, vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus (Mat 18:15-18 - itálico adicionado para ênfase). 
É muito instrutivo notar a maneira como o apóstolo Paulo via Pedro, a quem sempre se refere como Cefas, seu nome hebraico. Paulo o inclui juntamente com Apolo e a si próprio como meros instrumentos através dos quais Deus faz a sua obra na Igreja (1Cor 3:22). Se Paulo tivesse entendido que Pedro era o líder máximo da Igreja, não o teria citado por último ao dar exemplos de líderes cristãos que ganhavam sustento e levavam as esposas em missão (1Cor 9:4-5). Ele reconhece que Cefas é o líder da igreja de Jerusalém, mas o inclui entre os demais apóstolos (Gl 1:18-19) e ao mencionar os que eram colunas da igreja deixa Cefas em segundo, depois de Tiago (Gl 2:9). E em seguida narra abertamente o episódio em que o confrontou por ter se tornado repreensível (Gl 2:11 em diante). Bastante revelador é o que Paulo escreve quanto ao seu próprio chamado: “aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão também operou eficazmente em mim para com os gentios” (Gal 2:6-8). Por estas palavras, Paulo se considerava tão papa quanto Pedro!

Nem mesmo Pedro se via como um primus inter pares, alguém acima dos demais apóstolos. Quando entrou na casa de Cornélio para pregar o Evangelho, o centurião romano se ajoelhou diante dele em devoção. Pedro o ergue com estas palavras, “Ergue-te, que eu também sou homem” (Atos 10:26). Pedro reconhece humildemente que os escritos de Paulo são Escritura inspirada por Deus, esvaziando assim qualquer pretensão de que ele seria o único canal inspirado e infalível pelo qual Deus falava ao seu povo (2Pedro 3:15-16). E claramente explica que a pedra sobre a qual Jesus Cristo haveria de edificar a sua igreja era o próprio Cristo (1Pedro 2:4-8), dando assim a interpretação final e definitiva da famosa expressão “tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja”. A “pedra” referida pelo Senhor era o próprio Cristo.

Em resumo, ninguém no século I, ninguém mesmo, nem o próprio Pedro, entendeu que Jesus tinha dito a ele que ele era a pedra sobre a qual a Igreja cristã seria edificada. E nunca esta Igreja tomou medidas para achar um substituto para Pedro após a sua morte.

E isto introduz a segunda questão, que é a sucessão de Pedro. Creio que basta reproduzir aqui as palavras do próprio Pedro com relação à preservação do seu legado após a sua morte. Na sua segunda epístola ele faz menção de que tem consciência da proximidade de sua morte e que se esforçará para que os cristãos conservem a lembrança do Evangelho que ele e os demais apóstolos pregaram. E de que forma? Não apontando um sucessor para conservar este Evangelho como um guardião, mas registrando este Evangelho nas páginas sagradas da Escritura – é por isto que ele escreveu esta epístola. Confira por você mesmo:
Por esta razão, sempre estarei pronto para trazer-vos lembrados acerca destas coisas, embora estejais certos da verdade já presente convosco e nela confirmados. Também considero justo, enquanto estou neste tabernáculo, despertar-vos com essas lembranças, certo de que estou prestes a deixar o meu tabernáculo, como efetivamente nosso Senhor Jesus Cristo me revelou.
Mas, de minha parte, esforçar-me-ei, diligentemente, por fazer que, a todo tempo, mesmo depois da minha partida, conserveis lembrança de tudo.
Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade, pois ele recebeu, da parte de Deus Pai, honra e glória, quando pela Glória Excelsa lhe foi enviada a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.
Ora, esta voz, vinda do céu, nós a ouvimos quando estávamos com ele no monte santo. Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração, sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo (2Pedro 1:12-21 - itálico adicionado para ênfase).
Qual foi o esforço que Pedro fez para que, depois de sua partida deste mundo, os cristãos conservassem a lembrança do Evangelho, conforme sua declaração acima? Pedro deixa seu legado nas cartas que escreveu, e que ele considera suficientes para manter os cristãos relembrados de tudo que ele e os demais apóstolos ensinaram. Não há a menor noção de um substituto pessoal, alguém que tomasse seu lugar e transmitisse a outros sucessores o tesouro da fé cristã. Não foi à toa que a nota central da Reforma foi a rejeição do papado e o estabelecimento das Escrituras com sendo a única e infalível fonte de revelação divina.

Não questiono que Francisco seja o legítimo sucessor de Bento, como líder da Igreja Católica. O que não vejo é qualquer fundamento bíblico para aceitar que Pedro tenha sido papa e que Francisco é seu legítimo sucessor.

Fonte: O Tempora, O Mores

Felicidade é ordem de Deus


Por Hernandes Dias Lopes


“Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos.” (Filipenses 4:4)


Fomos criados para a felicidade. Fomos salvos para a maior de todas as felicidades. A felicidade não é uma opção. É uma ordem de Deus. O apóstolo Paulo, mesmo numa prisão, escreveu aos filipenses: Alegrai-vos sempre no Senhor, outra vez digo, alegrai-vos. A alegria não é uma emoção superficial e passageira, mas a mais profunda felicidade que coexiste com a dor. 

Paulo diz que devemos nos alegrar sempre. É claro que a vida não é um parque de diversões. Enfrentamos lutas e cruzamos vales escuros. Mas, nossa felicidade não é um bem estar epidérmico e fugaz, mas uma experiência profunda e duradoura. Nossa alegria além de imperativa é também ultracircunstancial. Nossa alegria não depende de circunstâncias. Mas, qual é o núcleo dessa felicidade? Dinheiro? Prazer? Sucesso? Não. Paulo diz: alegrai-vos sempre no Senhor. Jesus é o cerne dessa alegria. Ele é o conteúdo da nossa felicidade. 

Nossa felicidade não é apenas ausência de coisas ruins nem apenas presença de coisas boas. Nossa felicidade é uma pessoa; nossa felicidade é Jesus!

(Fonte: Cada Dia - Março de 2011 - Autor: Hernandes Dias Lopes)

terça-feira, 23 de abril de 2013

We Are - Kari Jobe - Legendado


Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus. (Mateus 5:14-16)

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Deus e a dureza do coração de Faraó


Por Celso de Castro Costa

Deus ama toda a humanidade, deseja ter comunhão pessoal com todos os homens e não faz acepção de pessoas. Contudo, textos como Êxodo 7:3 e 4:21-23 poderiam levar alguém a dizer: “Como pode Deus amar todos os homens, se ele endureceu o coração de Faraó para que não libertasse o povo de Israel e depois acusou-o por não ter deixado o povo sair do Egito? Essa atitude de Deus não é incoerente? Não é uma injustiça divina? Por que Deus faz distinção entre ‘meu primogênito’, referindo-se a Israel, e ‘teu primogênito’ referindo-se ao filho de Faraó? Isso não é acepção de pessoas? Porque Deus disse que mataria o filho de Faraó por não libertar Israel, se quem o induziu a não libertar o povo foi o próprio Deus?”

Ainda dentro da linha de pensamento dessa argumentação, podem vir outros questionamentos: “Quem consegue resistir a Deus ou confrontá-lo? Se Deus sabe que é imbatível, por que razão endureceria o coração de Faraó? Ele faria isso para demonstrar seu próprio poder? Se essa era a intenção de Deus, isso não seria a marca do exibicionismo divino versus a impotência de quem possa resistir-lhe?” etc. De fato, à luz de da simples leitura dos textos de Êxodo mencionados acima, essas argumentações parecem ser bem razoáveis. Porém, sabemos muito bem, pelo caráter de Deus expresso pela própria Bíblia, que as idéias que norteiam os argumentos acima não se aplicam a Ele. Então, como entendermos as afirmações divinas nos textos citados?

Vamos iniciar fazendo uma diferenciação entre “Faraó-homem”, “Faraó-rei” e “Faraó-deus”. O primeiro é o ser humano natural, não regenerado pelo poder de Deus, que não compreende as coisas do Espírito de Deus, que é governado por seus impulsos naturais (1Co 2:14). Ainda que não saiba, esse home natural esta sob o domínio de Satanás. O segundo, “Faraó-rei”, era o administrador do Egito, o homem responsável pelo sucesso e prosperidade do reino sob sua responsabilidade. Ainda que estivesse firme em seu trono, alheio a opinião pública e não sofresse risco de ser destituído do cargo, como administrador, ele certamente não queria o surgimento de qualquer situação que comprometesse seu povo. O terceiro, “Faraó-deus”, era aquele homem considerado como um ser divino, de acordo com a mitologia do Egito. Portanto, um representante da potestade satânica que governava o Egito.

A partir do entendimento destas três funções de Faraó e de um estudo minucioso do texto sagrado, poderemos entender os textos citados e outros paralelos a eles. Então, facilmente concluiremos o óbvio: Deus não faz acepção de pessoas e Israel, apesar de ter sido escolhido por Ele, não era o único povo amado pelo Deus Eterno. É fato que a Bíblia que a Bíblia Sagrada registra, inúmeras vezes, a expressão “endurecerei o coração de Faraó” e outras análogas proferidas por Deus, como em Êxodo 9:12, 10:1, 20,27 etc. Entretanto, observamos no contexto que essa expressão sempre aparece acompanhada por expressões do tipo: “...saberão que eu sou o Senhor...” (Êx 7:5; 7:17; 8:22; 9:14; 9:16; 10:2 etc). É interessante notarmos que as expressões repetidas, quase à exaustão, são dirigidas a nação egípcia, ao povo de Israel e a todos os povos da Terra.

Diante dessas observações, fica claro que a visão salvadora de Deus alcança toda a humanidade, não se restringe a Israel. Mas, o que significa exatamente a expressão “endurecerei o coração de Faraó”? Que significado estava por detrás dela? A leitura, atenta, do texto e contexto onde a expressão se encontra deixa claro que:

1)  O Senhor Deus apresenta-se como o Deus Todo-Poderoso, e como o único Deus em toda a terra;
2) Os egípcios deveriam reconhecê-Lo como o Deus Todo-Poderoso. Diante das pragas, isso em parte ocorreu. Cito aqui algumas referências:
 a)  Os magos, líderes religiosos egípcios (na verdade eram feiticeiros), reconheceram isto (Êx 8:19);
 b) A população egípcia, em geral, reconheceu esse fato (Êx 9:20; 10:7); 
 c) Os estrangeiros que habitavam no Egito reconheceram. Alguns até acompanharam os Judeus em seu êxodo (Êx 12:38); e
 d) O próprio Faraó-homem chegou a reconhecer isso (Êx 8:8, 25; 9:27,28; 10:16,17).
3) O Deus dos israelitas é Todo-Poderoso e quer fazer-se conhecido em toda terra;
4) As oposições satânicas e mitológicas do Egito não poderiam suplantar o Soberano Deus. Na verdade, ferir o Nilo, enviar as pragas e culminar com a morte dos primogênitos era a mão do Deus Eterno sobre os deuses do Egito (Êx 12:12; Nm 33:4);
5) Os fatos que estavam se desenrolando no Egito, os que a eles se seguiram e a manifestação do poder do Deus Eterno naqueles episódios serviriam para fazê-Lo conhecido entre todas as nações. Quarenta anos depois, isso ainda era falado entre as nações (Js 2:9-11);
6) Aquela geração de judeus retirantes, que era testemunha ocular daqueles acontecimentos, deveria reconhecer o poder de Deus, honrá-Lo e contar Seus feitos a seus descendentes (Êx 10:1,2).

“Por que razão o Senhor Deus endureceria o coração de Faraó?”

Agora, vejamos a atitude pessoal de Faraó em relação a Deus. Se é fato inconteste de que o texto sagrado registra que Deus endureceria o coração de Faraó, também é inquestionável o registro de que Faraó endureceu-se, ou seja, Faraó estava predisposto a endurecer seu coração para não reconhecer a soberania do Deus de Israel. Inúmeros textos bíblicos respaldam essa afirmação. Por exemplo, o texto: “Mas Faraó disse: “  Quem é o SENHOR, cuja voz eu ouvirei, para deixar ir Israel? Não conheço o SENHOR, nem tampouco deixarei ir Israel” (Êx 5:2); e outros como: (Êx 7:14,22; 8:15,19; 9:35 etc).

Importante notar que o contexto que acompanha o endurecimento do coração de Faraó sempre registra a expressão “como o Senhor tinha dito”. Analisando detidamente essa expressão em seu contexto, ficam transparentes as idéias:

1) Revelação da presciência divina, isto é, o conhecimento antecipado que Deus tem dos fatos futuros;
2) Deus sabia que o coração de Faraó era obstinado, teimoso, duro, inflexível, Isso porque ele, como “Faraó-rei”, considerava-se o “todo-poderoso” do mundo, visto que o Egito era a maior potência mundial; e ainda, porque ele, como “Faraó-deus”, considerava-se uma divindade e por isso não reconhecia o Deus Eterno a ponto, debochadamente, perguntar quem era o Senhor;
3) A oportunidade que Deus dava a “Faraó-rei” para libertar o povo de Israel do cativeiro era, ao mesmo tempo, a oportunidade em que ele (Faraó) revelava sua obstinação interior como “Faraó-deus”. Então, facilmente podemos entender a expressão divina “endurecerei o coração de Faraó”. Era Deus dizendo: “Conheço o coração de Faraó e darei a ele a oportunidade de endurecer-se contra mim ao revelar publicamente seu coração obstinado”;
4) Deus valeu-se da própria obstinação de Faraó no desempenho de suas funções de “Faraó-rei” e “Faraó-deus”, para alcançar os objetivos que enumerei anteriormente nos pontos 1 a 6. Note que nos pontos ali listados ressalta-se sempre a visão divina em relação a humanidade;
5) Por trás das expressões “meu primogênito” e “teu primogênito” do texto de Êxodo 4:21-23 fica claro que o entendimento de que se tratava de descendências no campo espiritual. “Meu primogênito” referia-se a Israel, como representante da filiação divina do Deus Todo-Poderoso e de onde viria o Salvador de toda humanidade, enquanto “teu primogênito” referia-se ao filho de “Faraó-homem” como representante da filiação satânica de “Faraó-deus”.

Diante do que a Bíblia claramente nos revela, fica firmemente provado que Deus nunca fez ou faz acepção de povos ou de pessoas. Mas ainda, que Sua visão salvadora alcança toda a humanidade. Portanto, do que textualmente analisamos, podemos inferir duas grandes conclusões:

1) Aquele episódio que estava em curso no Egito tratava-se de um embate titânico entre duas forças antagônicas, a saber: a descendência divina e a descendência satânica. Deus manifestou-se em favor da primeira.
2) O que estava por trás da expressão “endurecerei o coração de Faraó” não era um exibicionismo divino. Ao contrário, era a manifestação do amor do Todo-Poderoso para fazer-se conhecido na História e alcançar todas as nações da terra. Era a onipotência do Deus Eterno diante da impotência dos deuses egípcios.

Fonte: Jornal - O mensageiro da paz (CPAD)

Celso de Castro Costa é pastor, líder da Igreja Evangélica Assembléia de Deus em Dr. Augusto de Vasconcelos (ADAV), Campo Grande, Rio de Janeiro (RJ).       

domingo, 7 de abril de 2013

Em um Estado laico não há espaço público para os religiosos?


"A tentativa de afastar os religiosos dos cargos públicos sob o argumento de que o Estado é laico não tem qualquer respaldo legal e muito menos constitucional".
Por Valmir Nascimento
Em um Estado laico não há espaço público para os religiosos?
Nos últimos dias, a polêmica envolvendo o pastor e deputado Marco Feliciano à frente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados trouxe à tona o debate acerca do conceito de Estado laico.

Muitos secularistas, ateus e agnósticos estão se aproveitando da situação para atacar a presença dos religiosos (principalmente evangélicos) na esfera pública, sob o argumento de que o Brasil é uma nação laica, e em virtude disso os religiosos não poderiam usar suas crenças dentro da política e do espaço público.

A alegação é absurda e sem sentido, pois revela o completo desconhecimento do que realmente seja o princípio da laicidade.
O QUE É ESTADO LAICO?
Estado laico, leigo ou não confessional é aquele que adota o sistema da separação entre igreja e governo (“Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”, Mt 22.21), diferentemente do sistema de confusão, representado pelo Estado Teocrático, e do sistema de união (Estado Confessional).

O Brasil é um Estado neutro, não confessional, o que significa dizer que não adota uma determinada religião ou igreja como oficial. O princípio da laicidade está previsto no art. 19, inciso I, da Constituição Federal, que veda à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, “estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público”.

Desse modo, não há qualquer vedação na Lei Maior no sentido de proibir a participação dos religiosos na esfera pública. Isso é tese de antirreligiosos ressentidos. Muito ao contrário disso, o Brasil garante, como direito fundamental e inalienável, a liberdade de consciência e crença religiosa (art. 5º, inciso VI). Garante também que “ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei” (art. 5º, inciso VIII).

Portanto, a tentativa de afastar os religiosos dos cargos públicos sob o argumento de que o Estado é laico não tem qualquer respaldo legal e muito menos constitucional, pois nenhum cidadão brasileiro pode ser privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política.
ESTADO LAICO, MAS NÃO ATEU
Por esse motivo afirma-se com segurança que o Estado é laico, porém, não é ateu, notadamente porque a própria Constituição, como se vê em seu preâmbulo, foi promulgada sob a proteção de Deus. Embora o Supremo Tribunal Federal tenha decidido que o preâmbulo não possui força jurídica, reconhece-se, no mínimo, que os legisladores da Assembleia Constituinte criam na existência de um Deus. E isso é irônico. O Estado é laico, mas também é teísta.

Para finalizar, cito parte da resposta do filósofo e professor de Harvard, Michael Sandel, em entrevista à revista Época (16 de jullho de 2012), quando questionado sobre a participação dos religiosos na política. Ele respondeu: “ (...) a política diz respeito às grandes questões e aos valores fundamentais. Então, a política precisa estar aberta às convicções morais dos cidadãos, não importa a origem. Alguns cidadãos extraem convicções morais de sua fé, enquanto outros são inspirados por fontes não religiosas. Não acho que devamos discriminar as origens das convicções ou excluir uma delas. O que importa é o debate ser conduzido com respeito mútuo”.
Fonte: CPAD News

terça-feira, 2 de abril de 2013

Obediência


Por Éric Vitor

Graça e paz do Senhor Jesus Cristo.

Para reflexão:

..."Tem porventura o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros". (1 Samuel 15:22)

Nenhuma adoração, nenhum louvor, nenhuma "boa intenção" são validas se não estiverem de acordo com a Palavra do Senhor. Que possamos refletir e nos examinar de acordo com as escrituras para estarmos sempre dentro da vontade de Deus. 

Que não sejamos tão fundamentalistas e legalistas ao ponto de condenarmos coisas que nem Deus condena em sua Palavra "impedindo" pessoas de chegar até Ele. Porém que também não venhamos a ser meninos e dizer que "tudo" é "valido" se for para Deus. Lembrem: ..."Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne"... (Gálatas 5:13).

Nem tudo que é feito em nome do Senhor é da vontade de Deus ou agradável ao seus olhos. Que possamos meditar constantemente nas escrituras para entender qual é a boa, perfeita e agradável vontade do Senhor Jesus.

É importante salientar que em muitas situações algo que não é proibido pode ser inconveniente, que sejamos sábios em nossas atitudes. Como nos diz a Palavra:

"Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm". (1 Coríntios 6:12)

"Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus". (1 Coríntios 10:31)

Que não venhamos a fazer as coisas seguindo a nossa própria vontade e intelecto, não buscando saber o que Deus pensa a respeito. Como diz na passagem acima: 

" É melhor Obedecer do que Sacrificar".

Boa Reflexão! Deus abençoe.